quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Arte e cultura popular resistem no Pelô


Rodas de capoeira, desfiles do Olodum e da Banda Didá, fanfarras, ensaios musicais nas praças de largo, além dos bares e restaurantes tradicionais do local. Famoso por concentrar em um cenário de riquíssimo valor histórico diversas manifestações de cultura e arte características do povo baiano, o Pelourinho tem sofrido nos últimos meses com falta de procura de turistas e moradores da capital que não encaram mais a região como uma boa alternativa cultural. Diversos fatores contribuíram para que essa situação se instalasse: descaso dos poderes públicos, crescimento da criminalidade e tráfico de drogas e criação de novas opções de lazer em outros pontos da cidade. Mas, o que poucas pessoas sabem, é que o Pelourinho continua com esses projetos já consagrados e tradicionais, e que novos projetos têm sido implementados pelo governo do estado por reivindicação da população local.

À frente dessa retomada da Secretaria de Cultura do Estado vem o projeto Pelourinho Cultural, realizado através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac). Segundo o órgão o programa “visa incrementar o movimento cultural e turístico da região, através da utilização dos espaços públicos situados no Centro Histórico”. Na tentativa de cumprir ao que se propõe, o projeto tem realizado gratuitamente festivais de cinema (Cinearte Sarau Brasil Adentro, da Petrobras, no último dia 4), música (Pelourinho na Rota da Rima, dos dias 21 a 25 de novembro, na Praça das Artes) e de arte popular de maneira geral (Viva a Cultura Popular, dos dias 20 a 22 desse mês), trazendo palestras, exibição de curtas e apresentações musicais. A diretora do programa, Ivanna Soutto define os objetivos da iniciativa: “as diretrizes previstas para esta atuação deverão buscar o desenvolvimento sócio-cultural, a valorização do espaço cotidiano, onde o homem ocupe um lugar central”, afirma.


Porém, nem só desse programa do governo se alimenta a cultura popular no Pelô hoje. A população e a iniciativa privada também têm grande parcela nessa retomada. Um exemplo é a visita, que acontece toda semana, do Axé Buzu, uma espécie de ônibus-biblioteca do Projeto Axé. O ônibus permanece durante uma semana parado no Terreiro de Jesus desenvolvendo atividades lúdico-educacionais (leitura de histórias, exibição de filmes, oficinas de música e pintura) voltadas para os meninos em situação de rua que habitam o Pelourinho. Segundo a educadora de rua do Axé, Manuela Augusta, a média de alcance do Buzu é menor que a alcançada em outros bairros da cidade, “um dos motivos principais é que aqui no Pelourinho o nosso principal concorrente é o consumo excessivo de crack, mas os que freqüentam são bastante interessados”, complementa.


Nem mesmo os acontecimentos dos últimos três meses, que vieram à tona com o fechamento do Teatro XVIII e culminaram em diversas manifestações de moradores e comerciantes do local em prol da reformulação e retomada da programação cultural da região, foram suficientes para apagar os anos de tradição do Pelourinho. Cantina da Lua, Estação Pelô, Cravinho do Carlinhos, Samba do Mestiços, Bar do Reggae (Zitares), Colonial 17, The Dublinners Irish Pub, Terça da Benção, Escadaria de Santo Antônio (Gerônimo nas terças), Jayme Figura, Romilda e sua máquina fotográfica são outros nomes que permanecem no Pelô. O desafio de governos, moradores e comerciantes é seguir na luta para reconquistar o público fiel que deixou há muito de freqüentar a maior e mais variada manifestação de cultura popular da cidade do Salvador.

Diante dessa situação, a capital oferece outras opções pra quem mora longe do Pelourinho. Em diversos outros bairros da cidade manifestações tradicionais de arte, cultura e lazer são promovidas por iniciativa de moradores. No imbuí, um exemplo de festa já conhecida pelos habitantes do bairro é o Garage Fest, festa que acontece de três em três meses e tem como principal atração as bandas formadas por moradores do bairro. Longe da capital, em Mar Grande, distrito de Vera Cruz, é comum entre a população o encontro na Praça da Igreja que acontece nos fins de tarde movido à muita cerveja e animação.

Um comentário:

Unknown disse...

oi cris n sabia q vc fazia um trabalho tão interessante, sou aquele menino do bahia café, não o q ficou conversando com vc e sim o colega dele.bjãooo

neidsoncosta@hotmail.com