quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Salvador sedia o 1º Workshop de Programação para TV Pública


Discutir a sustentabilidade e o futuro da televisão pública brasileira, abordando assuntos como comunicação, cultura e produção independente. Isso é o que propõe o 1º Workshop de Programação para TV Pública , que acontece desde a última quarta-feira (22) e vai até a sexta-feira (24), no Hotel Sol Victória Marina (Av. Sete de Setembro, 2068 - Vitória), em Salvador. O objetivo é discutir as bases atuais da televisão pública e, a partir disso, propor novos parâmetros para a produção de conteúdo e organização de programações nessas TVs.

Promovido pelo Ministério das Comunicações (MinC), Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR) e Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais, o encontro reúne gestores e programadores das TVs públicas, jornalistas, produtores e profissionais do Audiovisual e Webdesign, além de autoridades dos governos federal e estadual.


Hoje (23), em seu segundo dia, o workshop traz, a partir das 9h30, os painéis "Convergência Digital e a Formatação de Conteúdos" e "Produção Independente e Regionalização". Entre os provocadores estão Orlando Senna, secretário do Audiovisual do MinC, Rodrigo Savazoni, editor-chefe da Agência Brasil (RJ) e Fernando Dias, presidente da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV).


A abertura do evento contou ainda com a presença do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, do governador Jaques Wagner e do secretário de Cultura Estado, Marcio Meirelles. Também presente no primeiro dia de evento, Orlando Senna, em entrevista a A Tarde, definiu o evento como uma oportunidade para "discutir caminhos que levem à emancipação do conteúdo das TVs públicas, de modo que estas fiquem eqüidistantes – tanto do poder público, quanto do poder econômico, representado em grande parte pelas TVs comerciais".


A opinião do secretário levanta um ponto comum, discutido nos diversos encontros nacionais sobre o tema: a TV pública como ferramenta de desenvolvimento político-social-cultural do cidadão brasileiro, independente do Estado e livre de pressões econômicas que prejudiquem seu conteúdo. Com anos experiência em televisão, já tendo trabalhado TV Cultura de São Paulo, o jornalista Paulo Henrique Amorim, em entrevista à Assessoria Geral de Comunicação Social (Agecom), afrma que a independência é necessária para uma produção televisiva de qualidade e livre de interferências.
Os interessados podem acompanhar o workshop via internet. Todos os painéis e mesas do encontro estão sendo transmitidos, em tempo real, através do site. A TVE Bahia também fornece, diariamente, material jornalístico sobre o evento até essa sexta-feira.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Basílio dos 50's...



(Primo Basílio - Brasil, Drama, 2007; Direção: Daniel Filho; Roteiro: Daniel Filho e Euclides Marinho)

Longe de mim querer mostrar-me como profunda conhecedora de cinema, literatura ou anos 50, mas...

Fato é que, como todo universitário (bom ou não), passei pelo vestibular (Que Deus o tenha!) e tive de ler a obra do detalhista Eça de Queiroz, O Primo Basílio. Clássico da literatura, publicado em 1878, o romance consolidou-se como uma análise da família burguesa do século XIX e sobretudo, como crítica aos superficiais pilares da sociedade da época.

Em resumo, o adultério é, mais uma vez, o tema em questão, personificado na figura da jovem e ingênua Luísa. A história se passa em Lisboa e envolve personagens característicos da burgueisa lisboeta. Casada com Jorge, engenheiro e marido dedicado (respectivamente nessa ordem), Luísa se vê sozinha, quando o marido viaja a trabalho, presa ao marasmo das leituras. Marasmo esse que só é quebrado no encontro com o conquistador e bom vivant Basílio, primo da jovem, recém chegado de Paris. Basílio e Luísa revivem, durante a ausência do marido, uma calorosa paixão do passado. Trocas de cartas, encontros no Paraíso e juras de amor que são bruscamente interrompidos pela chantagem da empregada Juliana, que guarda cartas dos amantes e as utiliza como instrumento de extorsão contra Luísa. Diante da situação, Basílio retorna à Paris e Luísa termina arrependida, revelando, em delírio de febre, o adultério ao marido.

Rica em detalhes e em crítica social, quando adaptada para o cinema a obra perde o objetivo. A película de 100 minutos é dirigida por Daniel Filho - aclamado diretor da Rede Globo de TV, que já roteirizou no cinema Beijo na Boca (1982) e dirigiu A Partilha (2001) e Muito Gelo e dois dedos D'agua (2006) - e traz no elenco atores considerados 'de peso' para as novelas globais: Fabio Assunção, Débora Falabella e Reynaldo Gianecchini. E por falar em novela, parece ser essa a proposta do filme: trazer para a telona o que estamos acostumados a assistir na telinha.

Além de fazer uma adaptação um tanto quanto deturpada, trazendo a trama para a São Paulo do século XX, mais precisamente para os prósperos anos 50 de JK, o que se vê no longa é melodrama barato, destancando aqui a bela atuação da atris Débora Falabella - A Dona da História (2004); Cazuza (2004) e Lisbela e o prisioneiro (2003) -, algumas cenas de sexo - pouco mais explicitas que as das novelas da globo - e uma Glória Pires (acreditem!)incrivelmente feia.

É bem verdade que o roteiro da obra é mantido no filme com fidelidade, porém a adaptação por si só já peca quando pensamos em diferenças de costumes. A visão e aceitação de valores na sociedade lisboeta do século XIX era muito mais rígida se compararmos com o Brasil dos anos 50. O adultério, portanto, era visto de forma bem diferente nos dois contextos e isso não aparece na obra. Se adaptar o filme para uma realidade brasileira e para um tempo mais próximo saiu mais barato (tendo em vista que os gastos com cenário e figurino para o século XIX seriam bem mais altos) o tema central da trama, que gere toda a história, torna-se raso enquanto deveria ser alvo de maior cuidado.

O que mais agrada na obra é trilha bem orquestrada por Guto Graça que traz La Traviata , L'eau à la bouchec (de Serge Gainsbourg), Apelo (de Tom Jobim) Saudades do Brasil (de Vinicius de Moraes e Baden Powel). Fora isso, nada de bela fotografia, de grandes lances de cinegrafia ou atuações estupefantes.


Confesso que não esperava muito diante do pós-doc de Daniel Filho em produzir novelinhas para a telona (ver filmes do dito cujo citados acima)!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Procurando um começo...

Vinha pensando em um blog já ha algum tempo...
A oportunidade de começar FAZENDO jornalismo, me animou!

E, como muitas coisas minhas hão de vir, começo não por mim, mas pelo Mestre: Gabo.


Sobre jornalismo...

" Pois o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e torná-lo humano por sua confrontação descarnada com a realidade.

Ninguém que não a tenha sofrido pode imaginar essa servidão que se alimenta de imprevistos da vida.

Ninguém que não a tenha vivido pode conceber, sequer, o que é essa palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo das primícias, a demolição moral do fracassso.

Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderá persistir num ofício tão incopreensível e voraz, cuja obra se acaba depois de cada notícia como se fora para sempre, mas que não permite um instante de paz enquanto não se recmeça com mais ardor do que nunca no minuto seguinte"

Gabriel García Marquez