quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Arte e cultura popular resistem no Pelô


Rodas de capoeira, desfiles do Olodum e da Banda Didá, fanfarras, ensaios musicais nas praças de largo, além dos bares e restaurantes tradicionais do local. Famoso por concentrar em um cenário de riquíssimo valor histórico diversas manifestações de cultura e arte características do povo baiano, o Pelourinho tem sofrido nos últimos meses com falta de procura de turistas e moradores da capital que não encaram mais a região como uma boa alternativa cultural. Diversos fatores contribuíram para que essa situação se instalasse: descaso dos poderes públicos, crescimento da criminalidade e tráfico de drogas e criação de novas opções de lazer em outros pontos da cidade. Mas, o que poucas pessoas sabem, é que o Pelourinho continua com esses projetos já consagrados e tradicionais, e que novos projetos têm sido implementados pelo governo do estado por reivindicação da população local.

À frente dessa retomada da Secretaria de Cultura do Estado vem o projeto Pelourinho Cultural, realizado através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac). Segundo o órgão o programa “visa incrementar o movimento cultural e turístico da região, através da utilização dos espaços públicos situados no Centro Histórico”. Na tentativa de cumprir ao que se propõe, o projeto tem realizado gratuitamente festivais de cinema (Cinearte Sarau Brasil Adentro, da Petrobras, no último dia 4), música (Pelourinho na Rota da Rima, dos dias 21 a 25 de novembro, na Praça das Artes) e de arte popular de maneira geral (Viva a Cultura Popular, dos dias 20 a 22 desse mês), trazendo palestras, exibição de curtas e apresentações musicais. A diretora do programa, Ivanna Soutto define os objetivos da iniciativa: “as diretrizes previstas para esta atuação deverão buscar o desenvolvimento sócio-cultural, a valorização do espaço cotidiano, onde o homem ocupe um lugar central”, afirma.


Porém, nem só desse programa do governo se alimenta a cultura popular no Pelô hoje. A população e a iniciativa privada também têm grande parcela nessa retomada. Um exemplo é a visita, que acontece toda semana, do Axé Buzu, uma espécie de ônibus-biblioteca do Projeto Axé. O ônibus permanece durante uma semana parado no Terreiro de Jesus desenvolvendo atividades lúdico-educacionais (leitura de histórias, exibição de filmes, oficinas de música e pintura) voltadas para os meninos em situação de rua que habitam o Pelourinho. Segundo a educadora de rua do Axé, Manuela Augusta, a média de alcance do Buzu é menor que a alcançada em outros bairros da cidade, “um dos motivos principais é que aqui no Pelourinho o nosso principal concorrente é o consumo excessivo de crack, mas os que freqüentam são bastante interessados”, complementa.


Nem mesmo os acontecimentos dos últimos três meses, que vieram à tona com o fechamento do Teatro XVIII e culminaram em diversas manifestações de moradores e comerciantes do local em prol da reformulação e retomada da programação cultural da região, foram suficientes para apagar os anos de tradição do Pelourinho. Cantina da Lua, Estação Pelô, Cravinho do Carlinhos, Samba do Mestiços, Bar do Reggae (Zitares), Colonial 17, The Dublinners Irish Pub, Terça da Benção, Escadaria de Santo Antônio (Gerônimo nas terças), Jayme Figura, Romilda e sua máquina fotográfica são outros nomes que permanecem no Pelô. O desafio de governos, moradores e comerciantes é seguir na luta para reconquistar o público fiel que deixou há muito de freqüentar a maior e mais variada manifestação de cultura popular da cidade do Salvador.

Diante dessa situação, a capital oferece outras opções pra quem mora longe do Pelourinho. Em diversos outros bairros da cidade manifestações tradicionais de arte, cultura e lazer são promovidas por iniciativa de moradores. No imbuí, um exemplo de festa já conhecida pelos habitantes do bairro é o Garage Fest, festa que acontece de três em três meses e tem como principal atração as bandas formadas por moradores do bairro. Longe da capital, em Mar Grande, distrito de Vera Cruz, é comum entre a população o encontro na Praça da Igreja que acontece nos fins de tarde movido à muita cerveja e animação.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Cultura é o quê?




A bola da vez para a cultura do governo estadual, em tempos de protestos pelo descaso com a atual situação do Pelourinho e com o fechamento do Teatro XVIII, é a II Conferência de Estadual de Cultura. Com objetivo de promover um diálogo entre a população e os dirigentes de cultura do governo, a conferência tem entre suas principais metas o desenvolvimento e a construção de políticas públicas em cultura.

A iniciativa da Secretaria Estadual de Cultura da Bahia (Secult) foi dividida em três etapas de trabalho: a primeira foi a dos encontros municipais, que inciaram as discussões em cada município do estado; na segunda etapa os municípios foram reunidos como forma de ampliar a discussão a nível territorial, nos encontros territoriais e a terceira, que encerra os trabalhos e apresenta os princiais resultados da conferência à nivel estadual, acontece nesta quinta-feira (25) e vai até o domingo (28).

Nessa última estapa, os representantes de todo o estado se reúnem em Feira de Santana para o trabalho final de agregação das propostas. Na pauta dos temas a serem debatidos estão os relacionados à cultura, ao turismo, meio ambiente, educação, gênero, juventude, campo, cidade, tecnologia, economia e política. As diretrizes propostas nos 26 territórios serão organizadas para dar base à elaboração do Plano Estadual de Cultura, que, teoricamente, tem o objetivo de construir uma política cultural de Estado, de maneira democrática e participativa.

A Secult, mais do que nunca, aposta na iniciativa não só como um meio de aproximar-se da população, como também de ter melhorada a sua imagem frente aos acontecimentos noticiados pela mídia. E por que não, em vez de apostar em imagem, em ação pra cego ver, não apoiar iniciativas que cheguem, de fato, junto da população. Um exemplo de evento que tem por objetivo levar cultura à bairros pobres da cidade, e que não contam com apoio da Secretaria ou de qualquer órgão de cultura do Estado, é o Mutirão Mete Mão.

Originalmente formado por jovens de grupos culturais alternativos, o evento teve início em 2003 e realizou, no último sábado, sua oitava edição. Apesar da falta de incentivo por parte de dirigentes de cultura, o Mutirão tem como proposta levar música, grafite, malabares, teatro, entre outras vertentes culturais àquela população que tem pouco ou nenhum contato com esse tipo de arte e cultura. Cultura feita para o povo, pelo povo e perto do povo, uma iniciativa que mostra, na prática, resultados.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os Sem-bilheterias


Depois do fracasso no lançamento, no início do ano, de A Grande Família – O Filme, longa-metragem que prometia ser o grande sucesso nacional de 2007 em público e crítica, e acabou levando pouco mais de 2 milhões de pagantes às telonas, o cinema brasileiro parece mesmo já ter entrado 2007 com o pé esquerdo. Azar ou não, a situação perdura em meados de fim do ano. As duas últimas produções de grande repercussão lançadas não salvaram a arrecadação das bilheterias nacionais e muito menos o ego dos esperançosos defensores do cinema canarinho.


A primeira delas, Primo Basílio, lançado em agosto desse ano, trazendo um elenco global com Glória Pires, Débora Falabella e Reinaldo Gianecchinni, não teve resultados expressivos. A adaptação da obra de Eça de Queiroz para o cinema, dirigida por Daniel Filho, famoso por Muito Gelo e Dois Dedo D’água (2006) e Se eu fosse você (2006), foi dura e negativamente criticada pela mídia nacional. A maioria dos especialistas acusa o filme de representar, nada mais, nada menos, do que uma novela na telona. “Um dos questionamentos mais comuns diz respeito à linguagem desses filmes, que estaria importando, de forma exagerada, elementos televisivos. Planos fechados, diálogos pouco naturais, fotografia e edição de TV”, citação da crítica de Eduardo Vieira, em A Tarde, que exemplifica a opinião da mídia relacionada.


A recepção ruim do público fica mais explícita com os números: em 7 semanas de exibição o blockbuster levou cerca de 700 mil pessoas ao cinema. Número nada animador se levarmos em consideração o filme Se eu fosse você, sucesso nacional de bilheteria do ano de 2006. Dirigido pelo mesmo diretor, o filme foi exibido durante aproximadamente 12 semanas arrecadando cerca de R$ 3,7 milhões (fonte: adorocinema.com.br).


Ao contrário de Primo Basílio, o filme Cidade dos Homens, lançado este mês (setembro), é um bom exemplo do diálogo entre cinema e televisão. Mas, mesmo com discurso apropriado ao meio, recursos técnicos verdadeiramente cinematográfico e fotografia de encher os olhos, a produção também não contabilizou grandes somas. Depois do sucesso da série homônima exibida pela Rede Globo, era de se esperar uma melhor receptividade para o longa. O que não aconteceu. Os números parecem não valorizar a produção. Até a semana passada o filme ocupava a 10ª posição no ranking de bilheterias, levando pouco mais de 200 mil pessoas aos cinemas (fonte: 100% Vídeo). Baseado no público pode-se fazer uma estimativa de arrecadação de cerca de R$ 350 mil . Valor praticamente simbólico tendo em vista a qualidade da produção.


O filme traz um roteiro original, levantando, sem clichês, questões como violência nos morros do Rio de Janeiro, a guerra do tráfico de drogas e a paternidade. Surpreende ainda a capacidade dos produtores em tratar esses temas de maneira particular, envolvendo o público em conflitos que poderiam ser reais, sem fazer correspondência entre esse e Cidade de Deus, longa de mesmo gênero lançado em 2002, mesmo ano em que a série Cidade dos Homens começou a ser exibida na TV.


Aí, cabem as perguntas: O que há com o cinema nacional? Falta divulgação para as produções? Ou um cuidado maior na elaboração de roteiros? Uma adequação entre o que é feito e o desejo do público nacional? O fato é que ainda existe muito preconceito em relação aos filmes nacionais e isso prejudica muito a arrecadação das produções nacionais e, conseqüentemente, o desenvolvimento da cultura cinematográfica brasileira.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Coisa boa na cidade...

Pra brincar de tornar isso aqui um pouco útil aos poucos porém ilustres visitantes, ai vão dicas de coisas a fazer na cidade no finalzinho desse mês e comecinho do próximo... [Não incluí as peças e os filmes que já estão com programação 'fixa']

Já nesse domingo uma saida massa e barata (tíssima), mas corre! Barrela, grande sucesso de público e crítica do teatro baiano, faz aprensentação no projeto Domingo no TCA. Pra quem não conhece [eu sou um!], a peça se passa em um dia, dentro de uma cela, em que seis presos dividem o pequeno espaço... vamos nessa?!

  • Barrela
  • Dia: 23/09 (domingo)
  • Onde: Sala Principal do TCA
  • Hora: 10h
  • $$: 1 (preço único e em dinheiro)
  • Liberado para maiores de 14 anos
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Pra entrar outubro de cabeça feita uma pedida essencial é o show de Zé Ramalho na Concha Acústica do TCA, dia 29. A 'canturia' faz parte do Projeto MPB Petrobrás por isso tá baratim e dá pra estudante ir! Quem abre é a banda O Círculo, que, pra quem nunca se aventurou a ouvir, é bem legal! :]
  • Zé Ramalho e O Círculo
  • Dia: 29/09 (sábado)
  • Onde: Concha Acústica do TCA.
  • Hora: 18h30
  • $$: 14 (inteira) e 7 (meia). Ingressos no TCA e SAC dos Shop. Barra e Iguatemi

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No mesmo dia, só que mais cedo, rola a Feira Hype, no ICBA, em um espaço que vai da venda de bugingangas até apresentaçõe musicais...[ainda não fui mas ouvi dizer que é 10!]
  • Feira Hype
  • Dia: todos os sábados
  • Onde: ICBA (Vitória)
  • Hora: a partir das 14h
  • $$: grátis

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Outra pedida é a (tragi) comédia Monólogos da Vagina, dirigida por Miguel Falabella. Carinha que só, a montagem fala sobre a sexualidade feminina. Há sete anos faz sucesso no Brasil, a peça traz no elenco Elizangela, Fafy Siqueira e Vera Setta e já foi encenada em 32 países e mais de mil cidades pelo mundo.

  • Peça Monólogos da Vagina
  • Dia: 29 e e 30/09 ((sábado e domingo)
    Onde: Sala Principal do TCA.
    Hora: 21h e 20h (respectivamente)
    $$: 60 (inteira) e 30 (meia). Ingressos no TCA e SAC dos Shop. Barra e Iguatemi

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Até que enfim o homem chegou!! Seu Jorge vem em setembro pra apresentar o show inédito em Salvador, do CD "América Brasil o Disco". O preço é salgado, mas a causa é nobre!

  • Seu Jorge
  • Dia: 04 e 05/10 (quinta e sexta)
  • Onde: Sala Principal do TCA
  • Hora: 21h
  • $$: 80 (inteira) e 40 (meia). Ingressos no TCA e SAC dos Shop. Barra e Iguatemi

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Bom, Bonito e Barato é o palco do "Jam no MAM". O projeto, que já aconteu há alguns anos, volta a ser realizado no estacionamente inferior do Museu de Arte Moderna da Bahia, abrigado no Solar do Unhão. Vale chegar cedo, curtir a vista inigualável do lugar durante o pôr do sol e depois viajar na boa música em um repertório que inclui jazz internacional, standards do jazz e blues, bossa-nova e outras composições brasileiras.

  • Jam no MAM
  • Dia: todo sábado
  • Onde: Solar do Unhão
  • Hora: das 18h às 21h
  • $$: 2 (preço único)

Programem-se!!! :]

--> Se tiverem outras pedida sugiram nos coments que eu incluo!!

Bom fim de semana!!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Saramago na telona!


Para os fãs do escritor que leram inúmeras vezes seu primor Ensaio sobre a cegueira ou ainda para os que se deliciaram e emocionaram na telona com o Jardineiro Fiel ou Cidade de Deus, uma boa nova: Meirelles está em êxtase na construção de Blindness. O mestre das letras, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, e o destaque brasileiro da cinematografia, diretor dos filmes indicados ao Oscar, coincidentemente em 4 categorias, mesclam seu talento numa produção cinematográfica estimada em 20 milhões de dólares.

O filme tem previsão de lançamento em março de 2008 e promete ser uma adpatação fiel da obra do escritor português, que foi sucesso de vendas em todo mundo e traduzida em mais de 25 línguas. A proposta, apresentada ao escritor no final do ano passado, foi não só aceita por ele como conta com seus comentários e opiniões durante a produção. As filmagens foram iniciadas em julho desse ano, em Toronto, no Canadá e ainda passarão por Montevidéu e São Paulo.

Todo em inglês, Blindness conta com um elenco de encher os olhos: Julianne Moore [que diga-se de passagem, eu adoro!] (Filhos da Esperança); Danny Glover (série Máquina Mortífera); Gael García Bernal [lindo, além de talentosíssimo!] (Diários da Motocicleta), Alice Braga (Cidade Baixa), Mark Ruffalo (Zodíaco), além de Sandra Oh (Sideways, Grey's Anatomy), Don McKellar (Clean), entre outros.

Vale ressaltar que o filme é uma co-produção Brasil/Canadá/Reino Unido/ Japão, com produção da Focus Features, produtora norte-americana que tem no currículo nomes de peso como O Segredo de Brokeback Montain, Orgulho e Preconceito e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças.

Para contar todas as curiosidades, etapas de filmagem e nos deixar numa expectativa ainda maior, Meirelles inaugurou em agosto um blog sobre o filme. Mesmo atualizado esporadicamente [relevemos pois o pupilo está em plena produção] o blog dá uma boa idéia dos bastidores da produção. O segundo post em especial é bem interessante. O diretor conta sobre um jantar entre ele, o produtor NivFishman, o roteirista Don McKellar e Saramago. "Saramago é um homem alto e muito em forma para seus oitenta e poucos anos, certamente pelo seu hábito de sempre caminhar ao invés de usar carro. É uma figura um pouco intimidante, eu estava tenso, mas ele foi muito amável e até afetuoso", ressalta Meirelles.

Daqui, torcemos por uma boa adaptação, uma rápida finalização e esperar pra correr pro cinema!

"Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara.", a citação da contracapa do livro resume a nossa condição de meros [e anciosos, no meu caso!] espectadores...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Luta por direitos marca cotidiano dos grupos gays da Bahia


“Não existem estatísticas sobre a homossexualidade, apesar da insistência do Grupo Gay da Bahia para que o IBGE inclua a variável no censo”. A afirmação é de Luis Mott, antropólogo e presidente Grupo Gay da Bahia (GGB), em entrevista para o jornal A Notícia, de Florianópolis, e soa como uma denúncia se considerarmos a luta travada pelo grupo para a inclusão da variável orientação sexual nos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Não bastasse a homofobia (discriminação contra homossexuais ou homossexualidade), enraizada no país, resultado de uma formação moldada por um catolicismo intolerante e um conservadorismo extremo, a falta de dados apresenta-se como um grave problema na luta dos homossexuais brasileiros por assegurar direitos, dificultando a elaboração de políticas públicas para homossexuais.

Apesar da falta de números oficiais, a estimativa é de que existam atualmente na Bahia cerca de 300.000 simpatizantes e homossexuais, entre gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais. No estado, seis principais grupos GLTBs (gays, lésbicas e transgêneros e bissexuais) apóiam a causa: Grupo Gay da Bahia (GGB), Grupo Gay Negro da Bahia, Associação de Travestis e Transexuais de Salvador, Grupo Gay de Ilhéus (EROS), Grupo Gay de Feira de Santana (GLICH) e Grupo Gay de Camaçari (GGC). Todos esses movimentos atuam em cooperação na realização de campanhas, eventos e elaboração de publicações, iniciativas integradas que constituem sua principal forma de ação.


De oficial mesmo apenas as estatísticas de assassinatos à GLTBs, que evidenciam o preconceito latente no estado e no país. Segundo o GGB, até maio desse ano cinco homossexuais foram assassinados na Bahia, sendo um a cada mês. Em âmbito nacional, esse número cresce ainda mais. Como pode ser visto em matéria publicada em junho desse ano por A Tarde, entre 1980 e 2007 foi codumentado um total de 2745 homicídios de homossexuais, uma média de duas execuções por semana. Para o GGB, a prática constante indica que os crimes são tratados com impunidade, o que estimula o acontecimento de novos episódios sem que os assassinos sejam devidamente punidos pela Justiça.


Uma conquista recente e importante, encabeçada por grupos do tipo em todo país, foi a criação, aprovada na última quinta-feria (02/agosto), pelo Ministério da Cultura, do Programa de Fomento a Projetos de Combate à Homofobia, com o objetivo de promover a cidadania homossexual e combater a discriminação e a violência aos GLTBs. O programa será efetivado por meio da realização de editais destinados a entidades públicas ou privadas, sem fins lucrativos, legalmente constituídas, que desenvolvam ações para a população GLTB, tais como projetos culturais, paradas do orgulho GLTB e demais iniciativas que visem o desenvolvimento, o fortalecimento, a promoção e a divulgação das expressões artísticas deste segmento da população brasileira.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Salvador sedia o 1º Workshop de Programação para TV Pública


Discutir a sustentabilidade e o futuro da televisão pública brasileira, abordando assuntos como comunicação, cultura e produção independente. Isso é o que propõe o 1º Workshop de Programação para TV Pública , que acontece desde a última quarta-feira (22) e vai até a sexta-feira (24), no Hotel Sol Victória Marina (Av. Sete de Setembro, 2068 - Vitória), em Salvador. O objetivo é discutir as bases atuais da televisão pública e, a partir disso, propor novos parâmetros para a produção de conteúdo e organização de programações nessas TVs.

Promovido pelo Ministério das Comunicações (MinC), Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR) e Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais, o encontro reúne gestores e programadores das TVs públicas, jornalistas, produtores e profissionais do Audiovisual e Webdesign, além de autoridades dos governos federal e estadual.


Hoje (23), em seu segundo dia, o workshop traz, a partir das 9h30, os painéis "Convergência Digital e a Formatação de Conteúdos" e "Produção Independente e Regionalização". Entre os provocadores estão Orlando Senna, secretário do Audiovisual do MinC, Rodrigo Savazoni, editor-chefe da Agência Brasil (RJ) e Fernando Dias, presidente da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV).


A abertura do evento contou ainda com a presença do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, do governador Jaques Wagner e do secretário de Cultura Estado, Marcio Meirelles. Também presente no primeiro dia de evento, Orlando Senna, em entrevista a A Tarde, definiu o evento como uma oportunidade para "discutir caminhos que levem à emancipação do conteúdo das TVs públicas, de modo que estas fiquem eqüidistantes – tanto do poder público, quanto do poder econômico, representado em grande parte pelas TVs comerciais".


A opinião do secretário levanta um ponto comum, discutido nos diversos encontros nacionais sobre o tema: a TV pública como ferramenta de desenvolvimento político-social-cultural do cidadão brasileiro, independente do Estado e livre de pressões econômicas que prejudiquem seu conteúdo. Com anos experiência em televisão, já tendo trabalhado TV Cultura de São Paulo, o jornalista Paulo Henrique Amorim, em entrevista à Assessoria Geral de Comunicação Social (Agecom), afrma que a independência é necessária para uma produção televisiva de qualidade e livre de interferências.
Os interessados podem acompanhar o workshop via internet. Todos os painéis e mesas do encontro estão sendo transmitidos, em tempo real, através do site. A TVE Bahia também fornece, diariamente, material jornalístico sobre o evento até essa sexta-feira.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Basílio dos 50's...



(Primo Basílio - Brasil, Drama, 2007; Direção: Daniel Filho; Roteiro: Daniel Filho e Euclides Marinho)

Longe de mim querer mostrar-me como profunda conhecedora de cinema, literatura ou anos 50, mas...

Fato é que, como todo universitário (bom ou não), passei pelo vestibular (Que Deus o tenha!) e tive de ler a obra do detalhista Eça de Queiroz, O Primo Basílio. Clássico da literatura, publicado em 1878, o romance consolidou-se como uma análise da família burguesa do século XIX e sobretudo, como crítica aos superficiais pilares da sociedade da época.

Em resumo, o adultério é, mais uma vez, o tema em questão, personificado na figura da jovem e ingênua Luísa. A história se passa em Lisboa e envolve personagens característicos da burgueisa lisboeta. Casada com Jorge, engenheiro e marido dedicado (respectivamente nessa ordem), Luísa se vê sozinha, quando o marido viaja a trabalho, presa ao marasmo das leituras. Marasmo esse que só é quebrado no encontro com o conquistador e bom vivant Basílio, primo da jovem, recém chegado de Paris. Basílio e Luísa revivem, durante a ausência do marido, uma calorosa paixão do passado. Trocas de cartas, encontros no Paraíso e juras de amor que são bruscamente interrompidos pela chantagem da empregada Juliana, que guarda cartas dos amantes e as utiliza como instrumento de extorsão contra Luísa. Diante da situação, Basílio retorna à Paris e Luísa termina arrependida, revelando, em delírio de febre, o adultério ao marido.

Rica em detalhes e em crítica social, quando adaptada para o cinema a obra perde o objetivo. A película de 100 minutos é dirigida por Daniel Filho - aclamado diretor da Rede Globo de TV, que já roteirizou no cinema Beijo na Boca (1982) e dirigiu A Partilha (2001) e Muito Gelo e dois dedos D'agua (2006) - e traz no elenco atores considerados 'de peso' para as novelas globais: Fabio Assunção, Débora Falabella e Reynaldo Gianecchini. E por falar em novela, parece ser essa a proposta do filme: trazer para a telona o que estamos acostumados a assistir na telinha.

Além de fazer uma adaptação um tanto quanto deturpada, trazendo a trama para a São Paulo do século XX, mais precisamente para os prósperos anos 50 de JK, o que se vê no longa é melodrama barato, destancando aqui a bela atuação da atris Débora Falabella - A Dona da História (2004); Cazuza (2004) e Lisbela e o prisioneiro (2003) -, algumas cenas de sexo - pouco mais explicitas que as das novelas da globo - e uma Glória Pires (acreditem!)incrivelmente feia.

É bem verdade que o roteiro da obra é mantido no filme com fidelidade, porém a adaptação por si só já peca quando pensamos em diferenças de costumes. A visão e aceitação de valores na sociedade lisboeta do século XIX era muito mais rígida se compararmos com o Brasil dos anos 50. O adultério, portanto, era visto de forma bem diferente nos dois contextos e isso não aparece na obra. Se adaptar o filme para uma realidade brasileira e para um tempo mais próximo saiu mais barato (tendo em vista que os gastos com cenário e figurino para o século XIX seriam bem mais altos) o tema central da trama, que gere toda a história, torna-se raso enquanto deveria ser alvo de maior cuidado.

O que mais agrada na obra é trilha bem orquestrada por Guto Graça que traz La Traviata , L'eau à la bouchec (de Serge Gainsbourg), Apelo (de Tom Jobim) Saudades do Brasil (de Vinicius de Moraes e Baden Powel). Fora isso, nada de bela fotografia, de grandes lances de cinegrafia ou atuações estupefantes.


Confesso que não esperava muito diante do pós-doc de Daniel Filho em produzir novelinhas para a telona (ver filmes do dito cujo citados acima)!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Procurando um começo...

Vinha pensando em um blog já ha algum tempo...
A oportunidade de começar FAZENDO jornalismo, me animou!

E, como muitas coisas minhas hão de vir, começo não por mim, mas pelo Mestre: Gabo.


Sobre jornalismo...

" Pois o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e torná-lo humano por sua confrontação descarnada com a realidade.

Ninguém que não a tenha sofrido pode imaginar essa servidão que se alimenta de imprevistos da vida.

Ninguém que não a tenha vivido pode conceber, sequer, o que é essa palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo das primícias, a demolição moral do fracassso.

Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderá persistir num ofício tão incopreensível e voraz, cuja obra se acaba depois de cada notícia como se fora para sempre, mas que não permite um instante de paz enquanto não se recmeça com mais ardor do que nunca no minuto seguinte"

Gabriel García Marquez